Os
ingleses têm o hábito do chá das cinco. Entretanto, não sei qual é a origem
deste hábito e tão pouco tenho o costume de saborear o chá das cinco, mas
confesso que na minha história já saboreei muito chá e não era das cinco,
muitas vezes era no fim da noite e como me fazia bem.
Hoje
olho para trás e vejo que o sabor da infusão não importava muito, o que contava
e o que conta é a companhia. O chá para ter valor tem que ser desfrutado na
companhia de pessoas queridas. Para que ele tenha bastante significado, deve
ser feito na partilha da vida e dos sonhos.
Confesso
que já tem algum tempo que não saboreio um bom chá preto com canela ou mesmo de
maçã com canela, mas também sei que não será o mesmo saboreá-los hoje. Quero
guardar na memória e na vida o tempo em que saboreava na companhia de pessoas
magníficas que me inspiravam, que na brincadeira da vida e na vida nos
incentivávamos e encorajávamos a seguir em frente.
O tempo
passou, e como diz a canção “passou de repente” e na verdade a gente nem sente
e nem se dá conta de quanto tempo faz, mas o tempo e a vida tratou de nos levar
por caminhos distintos, mas nos caminhos percorridos há a certeza de que
carregamo-nos no coração e isto nos faz mais leves, pois não trazemos fardos,
não carregamos amarguras e sim gente e gente de bem que fez e faz parte da
nossa história e vida.
A vida
segue seu curso, muitas vezes ela se encarrega de nos afastar de pessoas que
tanto amamos, mas é a própria vida que também propicia-nos o reencontro e
muitas vezes graças ao avanço da tecnologia e que bom que ela avança e
enche-nos o coração de alegria.
Confesso
que não sou inglês. E como diz a canção Porto de Lenha, não tenho a cara
pintada e muito menos olhos azuis. Contudo, gosto de saborear um chá, mas, mais
do que o chá gosto da companhia e da conversa à volta dele. Gosto da partilha,
da alegria, dos momentos menos bons onde podemos consolar e ser consolados.
Prefiro a partilha onde o fardo da vida suaviza e a própria vida adquire uma
nova matiz provocada pela intervenção cuidadosa daqueles que à volta da mesa
entre um gole e outro vão partilhando e dando não somente de si, mas da sua
experiência de vida a nós e sentido que ultrapassa-nos e vai além de nós.
Quando
olho para trás e mesmo agora no meu momento presente, descubro que o chá é
apenas um pretexto para estar junto de pessoas que amo. E aí, neste momento
entre um gole e outro, onde a comunhão é plena, trocamos experiências, desabafos
e partilhamos nossas vivências e a vida se refaz as tristezas e dores são
amenizadas as alegrias partilhadas e o mundo que começa em nós e a partir de
nós se torna mais belo.
Fim de
tarde ou fim de noite, tanto faz. Hoje tudo o que eu queria era voltar no
tempo. Encontrar aquelas pessoas maravilhosas que venciam o cansaço e
partilhavam momentos comigo na cozinha ou na varanda. Momentos inesquecíveis
que estão sempre presentes comigo.
É
verdade, sou o que sou pela graça de Deus, mas Deus em sua graça colocou-me
perto de pessoas maravilhosas para que eu fosse sendo formado e moldado. Sei
quem sou e o sou e digo mais uma vez pela graça de Deus, mas este que sou se
deve a muita gente que passou por mim e esta em mim e entre estas pessoas que
são responsáveis pelo que sou estão pessoas que simplesmente me esperavam para
juntos saborearmos um chá e trocarmos um dedo de prosa.
Não sei
se nosso reencontro será com chá ou outra coisa. Sei que quero vivenciar a
alegria e a partilha. Quero o prazer da comunhão e acima de tudo, partilhar o
amor que nos une e nos faz ser um e viver como tal, mesmo que estejamos
geograficamente separados.
Com
gratidão eu humildemente disponibilizo-me para que partilhemos não apenas o
chá, mas vida e que ela seja com alegria e graça como sempre foi.
Beijos.
Comentários
Também voltei no tempo!
Obrigada por isso!
bjs no coração!
Amei! Amei! Amei!
Amei! Amei! Amei!