José Régio tem um poema que me
revejo cada vez mais nele. “Não vou por aí”. Confesso que esta é a declaração
que faço para alguns que se dizem líderes religiosos, mas que não passam de comerciantes
da fé. É impressionante o marketing que é feito e como há gente que aceita e
segue os que se apresentam com títulos, ou até mesmo, que rasgaram o título e
desejam apenas ser tratados por seus próprios nomes.
Não vou por aí. Não sigo
ideias malucas e promessas de prosperidade, onde apenas os líderes enriquecem,
e o simples membro continua com sua vida regrada, apertada, para não dizer com
a corda no pescoço. Não dá para seguir quem promete bênçãos e vende a fé e
viaja em jato privado que está no nome da igreja ou de uma instituição, mas o
membro comum não tem o direito de sequer entrar no tal avião que afinal, é da
instituição que ele é membro e sendo assim, também um dos que tem direito de usufruir
de tal bem.
Não vou por aí e não tem como
ir. Não dá para seguir líderes que tentam de tudo por tudo para eleger seus
candidatos políticos, para que possam fazer parte do esquema e através deles,
ganhar benesses para seu enriquecimento, enquanto a transformação social é
deixada de lado. Não sigo esta liderança que se vende e vende a igreja que eles
a têm como sua, transformando-a num mero negócio, esquecendo-se que a igreja é
e deve ser agência de transformação e libertação histórico-social. A igreja tem
que ser sal e luz e nunca trevas e muito menos andar no lamaçal que tem andado
nos últimos tempos.
O poeta estava certo e por
isso, eu digo com ele: “Não vou por aí”. Não dá para seguir líderes
megalómanos, que esquecem da simplicidade do evangelho. Não dar para caminhar
com gente que olha o seu próximo como público-alvo e transforma a mensagem da
graça em um espetáculo sem graça que oferece ao povo o que ele deseja, mas não
autentica e valida o verdadeiro evangelho. Não dá para comungar com que vira
animador de palco, que segue o exemplo dos programas de televisão e fica
fazendo entretenimento em vez de proclamar a autenticidade do evangelho de
nossos Senhor Jesus Cristo.
Não vou por aí. Não dá para
seguir aqueles que se julgam iluminados e donos da verdade. Não vou compactuar
com aqueles que dizem que as denominações estão falidas, que os líderes não
interpretam corretamente a mensagem e estes que acusam os demais aparecem como
os iluminados que vão esclarecer tudo e dar a oportunidade para que se possa
compreender o evangelho de forma clara como nunca antes foi explicado. Não dá
para caminhar com quem destrói dois mil anos de história e vem vender um pacote
com desconto, oferecendo um curso como se toda a verdade e todo o conhecimento
estivessem reservados apenas para ele mesmo e seu grupo seleto.
Não vou por aí. Recuso-me a
ser marionetado por um grupo que em nome do poder e da vaidade própria, destrói
os relacionamentos entre irmãos e amigos. Não vou levantar muralhas que me
isolem e muito menos ficar calado diante do descalabro que grassa em nosso
meio. É fundamental que tenhamos a coragem de dizer: Basta!
Chegou o momento de erguermos
as nossas vozes e dizermos que queremos a simplicidade do evangelho e o
evangelho simples, sem que haja a comercialização e politicagem envolvidas.
Quero ir, onde o evangelho seja apenas o evangelho e nada mais que o evangelho.
Comentários