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O JUSTO CUIDA DOS SEUS ANIMAIS


Somos seres com sentimentos e emoções. Portanto, não devemos ter medo de expressar o que vai em nosso ser. É natural e normal sentir as nossas emoções e diante das circunstâncias da vida manifestá-las. Fomos criados com sentimentos e emoções para que pudéssemos expressá-las e mostrar o que vai em nosso ser.
Uma pessoa saudável é aquela que aprende a compreender-se e a lidar com seus sentimentos e emoções. É uma pessoa que sabe expressar o que vai sem seu ser. Este é o grande desafio que enfrentamos. O mais complicado é assumir a nossa dor e o nosso sofrimento. Isto acontece, porque somos criados e educados para sermos fortes, não podemos manifestar fraqueza e neste embrutecimento, acabamos nos desumanizando e quando isto acontece, sufocamos e engolimos as nossas emoções. Contudo, elas precisam ser vividas e vividas de maneira correta.
É fundamental aprendermos a expressar nossos sentimentos e emoções. Eles existem para que possamos expressá-los em nossas experiências de vida.  Cada situação nossa é marcada e vivida com emoção e sentimento e não podemos escapar disto. Contudo, há momentos e situações que não gostaríamos de passar. Há situações que nos custam, são dolorosas, mas inevitáveis.
Há um momento em nossa vida que precisamos lidar com perdas. A vida é feita de perdas e a maior delas é a perda daqueles que amamos. Um dia a morte chega e rouba-nos e mesmo sabendo que vamos ter que nos despedir, dói, machuca-nos. É preciso vivenciar a nossa dor e o nosso luto. E o luto é isto mesmo, é o “preço que se paga por amar”. E tudo o que amamos, quando perdemos, custa-nos e dilacera-nos o coração.
A despedida é sempre sentida. Custa-nos dizer adeus a quem amamos. É duro perder pessoas amadas, mas também é duro perder animais de estimação. Lembro-me de um amigo, que falou da dor que sentiu por causa da perda do seu animal. Hoje, de maneira próxima vejo a dor de alguém que amo muito, por ter que sentir a perda do seu cão. Parece algo simples, mas quando amamos e percebemos o amor que eles nos devotam, torna-se difícil e manifestar este cuidado é algo maravilhoso e expressa uma atitude do ser da pessoa. A Escritura diz que “O justo cuida da vida dos seus animais”, quem cuida da vida, mas sente a dor da partida. Sofre e precisa vivenciar o luto, e neste, é preciso manifestar as suas emoções e sentimentos.
Somos seres emocionais e nossas emoções devem ser vivenciadas e jamais guardadas. A dor da partida precisa ser sentida e manifestada. Contudo, no processo da dor da perda, existe a esperança do reencontro. E aqui penso na crônica de Rubem Alves: Os bichos vão para o céu? Que é a resposta dele para uma senhora que estava preocupada com o seu cãozinho. Gosto como ele conclui sua crônica afirmando o seguinte: “A esperança é a volta ao paraíso, onde havia bichos de todos os tipos. Se Deus os criou, é porque os desejava e deseja. Um céu vazio de animais é o céu de um Deus que fracassou. Ao final, ele não consegue trazer novamente à vida aquilo que criou no princípio. Não. Herege que sou, direi à velhinha: “Fique tranquila. Seu cãozinho estará eternamente ao seu lado. Não só o seu cãozinho como também gatos, girafas, macacos, peixes, tucanos, patos e gansos. Deus gosta de bichos. Se ele gosta de bichos, eles serão ressuscitados no último dia…” Sei que dizer isto, para uma pessoa que perdeu seu animal de estimação não o trará de volta. Não vai suplantar a dor da perda, mas alimentará a esperança do reencontro e mostra que a morte não tem e nunca terá a palavra final. Ela será sempre um ponto seguido, pois o ponto final da história reside em Deus e este é o Deus da vida e que restaura-nos a vida através da ressurreição.
O justo cuida dos seus animais, mas ele também sofre com a partida dos mesmos. E quando ele sofre é essencial que nos cheguemos como amigos e irmãos e partilhemos a sua dor, até porque dor partilhada é dor amenizada.

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