Quero viver a vida com alegria. Quero vivê-la com graça e em graça. Quero vivê-la junto das pessoas que se tornam importantes para mim. Entretanto, é preciso entender que, como disse o grande poeta «a vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro». Vinícius sabia do que falava, mas prefiro os reencontros aos desencontros.
É verdade, na vida temos desencontros. É verdade que os caminhos se separam. Claro que há pessoas de quem nos despedimos e não as encontraremos novamente. Entretanto há outras que desejamos o reencontro. Estas foram uma marca positiva e por isso, nós viveremos à presença da ausência. As teremos connosco na lembrança.
Há aquelas que nos acompanharão e nunca nos deixarão. Serão companheiros de jornada. Estas irão partilhar de todos os nossos momentos. Estas estarão sempre perto.
Há pessoas que no percurso da vida, mesmo sendo tão importantes para nós, por uma ocasião ou outra os nossos caminhos se afastaram, nas nunca se tornaram paralelos. Eles fluíram, mas num momento inesperado acontece aquele que parece ser inprovável e muitas vezes num momento inusitado. Sem ao menos esperarmos acontece o reencontro. Neste reencontro a alegria e a graça da vida fazem-se plena. A presença da ausência torna-se presença constante. Prazer redobrado. É o reencontro. É o momento do abraço apertado. É momento de dizer que o tempo, que não pára também não passa para aqueles que são parte de nós, pois o tempo e a distância e os descaminhos não mudam em nada todo o apreço e carinho vivencial.
Quem vive com graça e em graça, quem vive a vida com alegria. Marca as pessoas. Dá-lhes prazer e alegria. Enche-lhes de sonhos, fantasias e mesmo que num momento qualquer do percurso de nossa caminhada aconteça um desvio e nele o desencontro, podemos ter a certeza de que a porta ficou aberta. Porta aberta significa que podemos regressar, sabemos que não estamos sós.
Tenho que concordar com Gozaguinha na sua canção «Caminhos do Coração». A canção é belíssima e nos leva pelos caminhos da vida deixando portas abertas para o reencontro. Deixando saudade e o desejo de nos encontrarmos novamente. Ele diz que somos co-dependentes uns dos outros. É nesta co-dependência que crescemos, aprendemos e valorizamos o outro. É nesta relação que aprendemos a crescer na diversidade.
A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro, mas melhor que o desencontro é o reencontro. É poder rever o sorriso amigo. Sentir o abraço apertado, o beijo. O reencontro celebra a vida e nele há oportunidade de dizer o que ficou pelo caminho, mas muito mais do que isto, é o momento de viver com intensidade o presente.
O reencontro mostra-nos que não estamos sozinhos. Pensando no que Gozaguinha cantou: «E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar». O reencontro diz-nos justamente isto. Não estamos sozinhos. Seguimos caminhos diferentes, mas no momento em que eles se cruzam, percebemos que sempre tivemos um ao outro.
Quero viver a vida com alegria. Quero vivê-la celebrando o reencontro. Quero viver o momento intenso. Quero o abraço apertado. Quero este momento único. Desejo partilhar e compartilhar o que ficou por dizer.
Quero seguir pela vida, não com desencontros. No encontro, na despedida que me despe, me parte. Quebra-me e faz-me caminhar mais fraco, mas sem perder a alegria porque sigo o caminho do coração esperando e almejando o momento do reencontro.
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