A tecnologia é fantástica. Sendo bem utilizada só faz bem. Louvo a Deus pela capacidade do homem investigar, criar e aprimorar as coisas, porque assim, conseguimos, apesar da distância estar próximos uns dos outros. A tecnologia é uma bênção!
Vai fazer onze anos que estou a viver em Portugal. Meu Deus, como o tempo passa correndo. Neste tempo todo, estive apenas duas vezes no Brasil e sempre a correr. Não tive condições de desfrutar da companhia dos meus amigos, de sentar e dialogar tranquilamente com os meus familiares. Não tenho condições de comprar uma passagem a qualquer momento para ir matar a saudade deles. Sendo assim, o tempo corre e vamos nos modificando e deixando de participar de momentos únicos na vida dos amigos e familiares.
Toda essa separação e colmatada pela tecnologia. Temos telefone, Internet e vídeo-conferência que nos aproximam e nos unem aqueles a quem tanto amamos. Tenho tido a oportunidade de reencontrar amigos da minha adolescência através da Internet. Estamos a trocar mensagens e a falar do percurso das nossas vidas. Já não somos os adolescentes irreverentes do tempo da escola. Mas a verdade é que reconhecemos que aqueles anos foram sem dúvida anos que nos influenciaram de modo único, a tal ponto que não nos esquecemos uns dos outros. Ainda bem que Deus concedeu inteligência ao homem para desenvolver a tecnologia!
Este ano se tudo der certo e Deus permitir irei ao Brasil com minha família toda pela primeira vez. Sendo assim, minha filha Débora, terá a oportunidade de conhecer parentes que nunca viu. Terá a oportunidade de estar com o seu avô e também de brincar com os seus primos. Eu terei a oportunidade de desfrutar dos meus familiares e buscar meus amigos para poder desfrutar da companhia deles. Contudo, desejo reencontrar-me com os meus amigos da adolescência. Quero encontrar-me com os amigos da escola. É lógico que estamos mudados. Temos histórias de vida completamente diferentes uma das outras, mas isso não importa, pois o importante é que nossa amizade permanece firme.
Confesso que fico a imaginar este reencontro. Será que falaremos do passado? Lembraremos as loucuras e insensatez que cometemos e assim daremos boas gargalhadas? Olharemos uns para os outros e veremos que o tempo passou por nós e nos deixou marcas. E neste momento particular tentaremos colmatar a dor que foi sofrida e procuraremos ser solidário uns com os outros. Mostraremos que continuamos os mesmos, apesar de não termos concretizado todos os nossos sonhos, de ter que deixar pesadelos para trás e acima de tudo, viver o presente buscando a cada dia manifestar graça e alegria como no tempo da nossa inocência.
Este desejado reencontro será marcado pela nostalgia, mas também pela esperança. Espera que pode ser vista em nossos filhos. Filhos que hoje educamos com o mesmo cuidado que nossos pais. É verdade, hoje compreendemos as preocupações e as muitas chamadas de atenção que nos eram feitas e se temos esta compreensão é porque na actualidade somos nós os que agem desta maneira. Já não somos mais os adolescentes que não se preocupavam com o custo de vida. Não estamos mais querendo chamar a atenção do outro e muito menos querendo conquistar um namorado. Agora somos pessoas que no corre-corre da vida buscamos não errar tanto, pois já não temos tanta margem para erros.
A tecnologia tem sido de grande ajuda para mim. Contudo, ela tem dado-me a alegria de poder reencontrar meus amigos e este facto é para mim o mais importante. Como é bom poder trocar mensagem com eles. Contudo, essa alegria não é suficiente, pois o mundo virtual não nos permite dar aquele abraço, sentir o outro. É bom, mas sabe a pouco. Quero reencontrar meus amigos de adolescência, mas quero reencontrá-los pessoalmente. Quero abraçá-los e dizer o quanto são importantes para mim. Talvez e com certeza terei que pedir perdão para alguns, pois os feri e magoei. Deixei de ser solidário. Quero dizer que apesar de tudo eles são muito importantes para mim e se um dia não disse isso, que eu possa dizê-lo no dia do reencontro. O autor do livro de Provérbios diz: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.” (Pr 17.17), e se há um tempo onde as amizades se solidificam é na adolescência. Entretanto, é nela também que as angústias são mais fortes, as dores são mais intensas. É por isso, que os amigos da adolescência se tornam irmãos e o meu desejo é poder dizer-lhes claramente em nosso reencontro.
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