Filhos são um desafio. Eles
são o grande investimento que alguém pode fazer. São a nossa continuidade e
extensão do nosso ser. Filhos são um projeto de vida e para toda vida. O poeta
Vinícius de Moraes escreveu:
“Filhos...
Filhos?
Melhor
não tê-los!
Mas se
não os temos
Como
sabê-los?
Se não
os temos
Que de
consulta
Quanto
silêncio
Como
os queremos!”[1]
Filhos são desejados, sonhados
e amados. Filhos são o maior investimento que podemos fazer, mas filhos são um
desafio para cada um de nós. Pensando no poema de Vinícius vejo as declarações
de Bauman (Bauman, 2006) que diz: “Os filhos estão entre as aquisições
mais caras que o consumidor médio pode fazer ao longo de toda a sua vida. (…)
ter filhos é, na nossa época, uma questão de decisão, não um acidente - o que
aumenta a ansiedade. Tê-los ou não é,
comprovadamente, a decisão de maior alcance e com maiores consequências que
existe e, portanto, também a mais angustiante e stressante.
Ter filhos significa avaliar o
bem-estar de outro ser, mais fraco e dependente, em relação ao nosso próprio
conforto. A autonomia das nossas preferências tende a ser continuamente
comprometida: ano após ano, dia após dia. A pessoa pode tornar-se – horror dos
horrores - «dependente». Ter filhos pode significar a necessidade de diminuir
as ambições pessoais, «sacrificar uma carreira», já que os encarregados de
avaliar o nosso desempenho olham de soslaio em busca de algum sinal de lealdade
dividida.” Portanto, se ter filhos implica tudo isso e muito mais, é
fundamental ter cuidado para não perdê-los e muito menos destruí-los e permitir
que na caminhada da vida eles se transformem em verdadeiros monstros. Sim, os
filhos podem virar monstros e podem ser destruídos por causa do que fazemos e
deixamos de fazer.
Como podemos destruir e transformar
os filhos em monstros?
As Escrituras não escondem os
erros daqueles que são considerados os heróis da fé. Davi perdeu seus filhos.
Permitiu que eles se transformassem em verdadeiros monstros. Ele os destruiu. Ito
fica claro nas Escrituras, no livro de 2 Samuel 13-15. E olhando para o modo
como Davi agiu, chego às seguintes conclusões
Satisfaça todas as vontades
dos seus filhos e se eles falharem fique zangado, mas não diga nada. Faça de
conta que nada aconteceu. Deixe que a vida continue, pois eles estão
desfrutando da vida. Lembre-se que este sentido de impunidade vai se tornar
vivencial e estender-se-á para fora de portas.
Não discipline nem corrija os
seus filhos. Permita que eles façam tudo e mais alguma coisa e feche os olhos
para o que eles fazem. Fique no seu canto, não tome uma atitude. Deixe que eles
façam as coisas erradas e não os corrija. Alimente neles o sentido de que tudo
é permitido. Contudo, lembre-se que se você não os corrigir e disciplinar, se
não os aconselhar, outros assumirão o seu lugar.
Não dialogue com eles. Fique
no seu mundo, calado sem dar atenção a eles e ao clamor deles. Faça de conta
que nada aconteceu. Tudo foi perdoado e por isso, nada precisa ser dito. Crie
neles um sentido de impunidade. Viva em seu castelo fechado sem dizer nada a
eles. Não explique o que houve de errado, mesmo que eles tenham consciência do
que aconteceu. Fique calado e gere a sensação de que está tudo bem.
Feche os seus olhos para o que
eles estão fazendo. Mesmo que tudo esteja sendo feito perante seus olhos. Faça
de conta que nada está acontecendo. Feche os olhos para a realidade e deixe que
eles façam o que bem desejarem.
Foram estas atitudes de Davi
que culminaram com a destruição dos seus filhos. Será que estas também são as
nossas atitudes?
Filhos são o nosso maior bem.
Portanto, cuidemos bem deles, para que não se transformem em monstros e
tenhamos cuidado para que, não venhamos a destruí-los.
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