A Lição do Pássaro

Minha casa está situada num lugar privilegiado. Estou dentro da cidade e ao mesmo tempo no campo. Na frente do prédio temos a agitação dos carros, mas nas traseiras tenho um monte que me coloca em contacto directo com a natureza. Sendo assim, outro dia estava a trabalhar no escritório, quando olhei da janela, vi um passarinho a cantar e despreocupadamente a alimentar-se com tudo o que o Senhor lhe providenciou. Foi a olhar para aquele pássaro que lembrei das palavras do Senhor Jesus: “Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?” (Mt 6.25-26). Que coisa extraordinária. Jesus nos direcciona o foco. As coisas não podem preencher à nossa mente. Ele afirma claramente que se Deus cuida dos pássaros, muito mais de nós seres humanos. Deus cuida de nós e precisamos estar confiantes neste aspecto.
O interessante foi que eu estava a reflectir nos muitos compromissos que tenho. Preocupado com coisas que nem sei se acontecerão. Foi quando vi o passarinho e lembrei-me do texto, posso afirmar que aquele passarinho para mim foi como o cantar do galo para Pedro. Ele me fez olhar para o Senhor. Fez-me chorar porque em muitos momentos quero agir por mim. Há momentos que me esqueço de depender completamente do Senhor.
Naquela manhã, eu parei e fiquei olhando pela janela para aquele passarinho. Depois olhei para o céu. Fiquei a contemplar a criação. Vi minha pequenez, vi que sou completamente limitado, mas também percebi que o Senhor é completamente ilimitado. Foi o Senhor quem enviou aquele pássaro para me lembrar que não posso viver a olhar para mim mesmo. Ele mostrou-me que a cada dia que passa preciso confiar mais na sua provisão.
Para muita gente aquele pássaro, é pura coincidência. É o acaso, mas como alguém afirmou “o acaso é o pseudónimo de Deus quando ele quer permanecer no anonimato.” É verdade, o Senhor usou aquele pássaro, como no passado usou a burra de Balaão. Aquele pássaro mostrou-me que devo confiar na providência do Senhor. Vi claramente que se Deus não agir, nada acontece.
Não devo estar preocupado com estas coisas. Aliás, tenho aprendido que as preocupações roubam-nos o tempo precioso e nos escravizam a tal ponto que não nos deixam fazer o que realmente precisamos fazer. Elas nos consomem e acabam por tomar o lugar que é devido ao Senhor. As preocupações nos tiram o foco das coisas que realmente são importantes e todas às vezes que ficamos a nos preocupar com coisas que não são importantes e que não representam um verdadeiro problema, estamos a desperdiçar as nossas vidas.
Fiquei quieto a olhar da janela do meu escritório. Fiquei ali e perdi a noção do tempo. O passarinho continuou seu voo e depois pousou num arbusto e cantou de felicidade. Ele estava contente com o que havia recebido. E eu compreendi o quão importante é estarmos satisfeitos com o que temos recebido do Senhor. Compreendi que é fundamental termos um coração agradecido e que em meio a agitação do dia possamos parar e pousar num canto seguro para levantar nossas vozes em agradecimento às bênçãos recebidas.
O pássaro ficou ali por um tempo. Cantou e voou de um lado para o outro, depois simplesmente foi embora. Entretanto, eu, depois de ficar ali na janela a olhar para o céu voltei para o meu lugar, mas já não estava com o peso da preocupação. Aquele pássaro ensinou-me a lição da confiança e dependência no Senhor. O seu canto dizia para que confiasse na provisão divina e foi isto que fiz e como tem sido maravilhoso descansar nos braços do Senhor e ver que Ele na sua infinita misericórdia e graça supre todas as nossas necessidades.Não sou um pássaro, não sei cantar, mas digo que vale a penar crer nas Palavras de Jesus e confiar nas mesmas, pois elas são reais e valem para nós. Sendo assim, confie na provisão divina.