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DO VIVER E DO MORRER


A vida é para ser desfrutada. É essencial viver com prazer e desfrutar do prazer que a vida oferece. A vida é para ser vivida ao lado de quem amamos e devemos desfrutar da vida com prazer e alegria, pois esta é a recompensa que temos de todo o trabalho que realizamos.
A viva é para ser partilhada e partilhada ao lado daqueles que amamos. É preciso aprender a valorizar cada momento e torna-se fundamental aprender a viver e por o foco no que realmente importa. É urgente pararmos para reavaliarmos a vida e o nosso modo de vida. Urge ir a um hospital, a um velório e ali aquietar e redefinir a maneira como estamos vivendo a nossa vida. A Escritura diz que é melhor ir na casa onde há o luto, pois é nela que vemos o que nos aguarda. A morte nos ensina a viver, ela redireciona os nossas valores. A verdade é que: “A morte nos coloca irremediavelmente diante do mistério da vida. Nos impõe o silêncio, e o silêncio vazio e este vazio conduz a uma reflexão inevitável. E assim de alguma maneira, faz de todos nós filósofos, pensadores, sobre o sentido último da vida, das nossas relações, do amor. Contudo, não é um pensar qualquer que desencadeia a morte, mas um pensar intensamente sentido, um viver diante do enigma que nos engravida da possibilidade de gerar e parir significado e sentido. A morte, assim, nos ensina a viver.”
Hoje o viver é vazio de sentido. Viver é apenas existir e um existir numa ânsia louca de prazer. E, isto acontece, justamente porque “pensamos cada vez menos na morte, preferimos desviar o olhar, falar de outra coisa, tratar seja do que for desde que nos impeça de pensar nela, essa falsa despreocupação faz perder de vista não só a morte, mas o essencial da vida.” Devemos entender que, quem vive na expectativa de nunca pensar na morte e nunca morrer, desaprende a viver. A morte faz parte da vida e a vida conduz à morte. São as duas faces da mesma moeda. Quando entendo que é fundamental um fim, fim meta, valorizo o que tenho para viver. O viver é como uma bela música, precisa ter seu final. “Uma música sem fim seria insuportável. Toda música quer morrer. A morte é parte da beleza da música.”
A morte ensina a valorizar a vida e o viver. Portanto, é fundamental que ela volte a fazer parte do nosso dia-a-dia. Não podemos esquecer que no passado havia uma multidão à volta de quem partia. Hoje, morre-se só e utilizando a linguagem de Zé Nuno, no “deslugar” que se tornou o hospital. Torna-se urgente resgatar o diálogo sobre a morte, pois é refletindo sobre ela e o morrer que aprendemos a viver.
A vida é para ser vivida com prazer e valorizando aqueles que amamos. Precisamos desfrutar de cada momento, sendo irrepetível. Temos que construir a nossa relação percebendo que este momento, o abraço, o sorriso, o beijo, pode vir a ser o último. Mais uma vez recordo o que diz a Escritura, “melhor é ir na casa onde há o luto”, pois ali vemos o nosso fim e o fim de quem amamos e o nosso fim, mas a Escritura também diz que, preciso desfrutar da vida com alegria e prazer e isto é o que a vida me oferece. Quando percebo minha finitude e a finitude dos que amo, valorizo os pequenos gestos e deixo de ficar agarrando-me a bobagens que não edificam e não dão significado à vida e ao valor de cada um.
Quero viver bem e viver valorizando os que amo e demonstrando-lhes como são importantes para mim. Quando o fim chegar, e ele vai chegar, que seja o acorde final e que tudo tenha valido a pena.
A vida é breve. O tempo não para e neste curto espaço de tempo, que o viver seja investido no ser e que possamos olhar para morte, não com medo, mas como professora que nos ensina a valorizar os momentos que partilhamos com quem amamos e no momento do adeus, que possamos dizer que está doendo, mas que valeu a pena cada segundo.

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