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compositor amazonense Chico da Silva tem uma
canção que se chama “Tempo Bom”. Nesta canção Chico retracta sua meninice. O
tempo em que corria livre sem preocupações. Tempo das brincadeiras, dos jogos,
das coisas de criança e adolescência. Tempo que não volta nunca mais como ele
próprio diz.
Lembrei também de uma série
televisiva que eu ansiava por assisti-la. Era “O Túnel do Tempo”. Um seriado
que mostrava que dois cientistas que viajam no tempo, sendo monitorados pelos
cientistas que estavam no laboratório e os acompanhavam. A realidade é que hoje
eu queria ter este túnel do tempo. Queria poder retroceder ao tempo de menino,
até porque fiz a viagem mental e também por ter visto a casa onde passei minha
meninice. Ela está do mesmo jeito. Corroída pelo tempo, mas cheia de vida e
recordações, foi a minha casa é a minha casa.
A canção de Chico diz:
Daquele tempo de menino
Ainda tenho no meu peito muita saudade
Rodar pião,
Estilingue no pescoço e papagaio pra
soltar
Mamãe me acordava cedo
Menininho toma banho,
Vai se aprontar
Vou ficar lhe vigiando
E no caminho da escola você vê se da
um jeito de não se sujar
E sempre com os meus amigos
Uma chegada na lagoa não fazia mal
E não faltava um bate bola no campinho
Improvisado no quintal
E tudo que chegou primeiro
Minha primeira namorada se perdeu de
mim
E só ficou minha viola, meu cavaco,
Meu pandeiro e tamborim
Que tempo bom
Que tempo bom que não volta nunca mais
Que tempo bom que não volta nunca mais
Chico disse que o tempo não volta
nunca mais, mas nós voltamos no tempo. Podemos recordar tudo o que vivemos.
Podemos caminhar para trás e reencontrar todos aqueles que nos marcaram e fazem
parte da nossa história. Podemos nos reencontrar e trazer à memória factos e
histórias que nos marcaram e nos formaram enquanto pessoa.
Hoje revivi um tempo maravilhoso. Viajei
no tempo através do Google earth. Fui até à minha antiga casa. Olhando para
ela, pude lembrar de um tempo maravilhoso que não volta nunca mais. Tempo em
que desfrutava da companhia dos meus pais.
Ali naquela casa simples,
partilhamos sonhos e vida. Alegrias e tristezas, mas acima de tudo, fomos
forjados para os embates da vida e aprendemos a ser um. Vivemos nossa individualidade,
mas mesmo sendo pessoas únicas somos “um” chamado família, fruto da formação
dos nossos pais.
Olhando para aquela casa, lembrei o
tempo dos papagaios. Sim, foram momentos únicos, em que nos reuníamos para
juntos, como família e amigos brincar papagaio em tardes de domingos. Não
apenas isto, lembrei dos momentos que nos juntávamos para jogar dominó ou uma
boa suecada. Momentos de gargalhadas, muitas brincadeiras e histórias que
ficarão para sempre gravados em nossas vidas.
Tempo bom que não volta nunca mais.
Tempo em que éramos felizes com pouco, mas nem percebíamos que tínhamos tudo.
Estávamos todos ali e nosso mundo cabia ali. Aquela casa era nosso castelo
forte. Ali estávamos seguros e tínhamos nossa conselheira, nosso mestre-de-obras
e acima de tudo, a família reunida e uma porta aberta para quem desejasse se
juntar a nós.
Hoje, na junção de uma canção e uma
série, pude viajar no tempo. Olhar minha antiga casa. Reviver e rever minha
história, mas acima de tudo desfrutar por um instante de um tempo precioso que
não volta mais, mas eu posso voltar nele e reencontrar-me com todos aqueles que
amo.
Tempo bom, que não volta nunca mais.
É um tempo armazenado, guardado que me permite voltar e reencontrar-me com
todos aqueles que amo e carrego em mim.
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