Introdução
Diante de uma pessoa enlutada, o que devo fazer?
O que eu posso dizer?
Eis um grande desafio para quem deseja acompanhar as pessoas que estão em processo de luto. Todos nós num momento ou noutro teremos à nossa frente pessoas que estão a passar por situações de perda. É facto que muitas vezes em nossa ânsia de ajudar acabamos por dificultar mais o processo. Muitas vezes atrapalhamos e não ajudamos.
Nosso tempo é marcado pelas mudanças rápidas. Tudo acontece numa velocidade alucinante. Não temos quase que tempo para desfrutar das coisas, pois surgem outras numa rapidez que, aquilo que pensávamos ser novo já ficou ultrapassado. Num mundo assim, queremos também que as pessoas trabalhem suas emoções e sentimentos da mesma maneira.
Diante do dilema dos outros temos sempre algo a dizer. Neste sentido, lembro-me o que dizia o meu falecido pai quando estávamos a debater algum tema pessoal e ele virava-se e dizia: «é muito fácil eu viver a tua vida, difícil é viver a minha.» Ele estava coberto de razão!
O facto é que, diante da dor de alguém que nos é caro, queremos promover consolo. Queremos ajudar a pessoa a ultrapassar a dor da perda. Desejamos ser agente de consolo e manifestar que estamos presentes. Sendo assim, falamos e falamos. Esquecemos que temos dois ouvidos e uma boca. Implica dizer que devemos ouvir mais e falar menos.
Quando tento ajudar posso vir a me tornar indesejado. Minha atitude pode ser desagradável. Sendo assim, o que devo dizer para que possa ajudar uma pessoa em seu processo de luto?
Presença silenciosa
É verdade, há momentos em que não precisamos e nem devemos dizer nada. É a nossa presença silenciosa que irá promover consolo. É o falar com a presença. O falar sem palavras. Cada pessoa reage de um modo diferente e há pessoas que simplesmente não desejam ouvir nada. Tudo que elas desejam é a presença daqueles que lhes são importantes ao seu lado. A presença já diz tudo. Não é necessário nenhuma palavra.
O que estou afirmando é que basta a nossa presença. Deixe que a pessoa saiba de sua presença e pronto, pois como já afirmou alguém «quando basta o silêncio, evitemos até mesmo o olhar». Há momentos em que basta a presença silenciosa.
A melhor ajuda, o melhor gesto que pode ser feito é sua presença sendo assim, evite as palavras. Esteja com sua presença silenciosa.
Fale apenas o indispensável
Evite o discurso. Seja sucinto. Não utilize muitas palavras quando uma palavra apenas é o necessário. Há momentos que basta dizer ao outro: Sinto muito!
Um mal exemplo de falar muito são os amigos de Jó. Eles tentam arranjar respostas, tentam justificar o que sucede e terminam por complicar e atrapalhar ainda mais o amigo. É preciso cuidado para que não sejamos como os amigos de Jó. É preciso atenção.
O nosso grande desafio é não tentar encontrar respostas. É não procurar justificativas para um momento tão delicado e dramático como este. Devemos aprender que não teremos todas as respostas, mas que podemos ser a resposta.
Diante da dor da perda de alguém, faz-se primordial falar apenas o indispensável.
Evite frases feitas
Este é o nosso grande defeito. Este aspecto está simultaneamente ligado ao facto de falar muito. Já temos as frases todas preparadas. Creio que isto acontece por medo ou até mesmo por nossa incapacidade de encarar a dor dos outros. Sendo assim, chegamos a correr e procuramos de modo impessoal assumir realidades que não nos são verdadeiras. É comum nestes momentos ouvirmos frases como estas:
Eu sei como estás te sentindo. É uma frase de efeito, mas mentirosa. Posso apenas imaginar o que o enlutado sente. Não sei o que o outro realmente está a viver. Não posso avaliar se ele está triste, revoltado. Não sei e apenas saberei se ele o manifestar.
Esta foi a vontade de Deus. E se ao dizer esta frase o outro responder: Que Deus é este que leva a pessoa que eu amo? Que Deus é este que tem prazer no meu sofrimento? É fácil afirmar que foi a vontade de Deus, mas como eu posso determinar que realmente foi a vontade de Deus?
Foi melhor assim, já não sofre mais. Esta frase é terrível. Ela também é revoltante, pois não permite ao outro viver sua dor. Além do mais, assume que a morte foi o melhor que aconteceu e isto é desconsiderar o sentimento de quem está enlutado.
Existem muitas outras frases feitas que poderiam ser apresentadas, mas fiquemos com estas três e aprendamos com estes exemplos e deixemos de utilizá-las.
Actue
Há momentos em que não necessitamos de palavras e sim de gestos. É preciso uma atitude. Este ponto é fundamental. A pessoa enlutada muitas vezes se vê envolta numa série de coisas que não tem tempo nem de preparar uma comida para si. Aqui está a oportunidade de actuar. É estar presente e fazer. Lembro de uma pessoa querida que contou que deparando-se com o falecimento do seu marido, uma amiga lhe procurou com uma sopa que havia feito e disse: “Aqui está uma sopa com amor!” Este gesto foi crucial para ela. No afã de ter tudo preparado ela sequer havia parado para se alimentar. Felizmente houve alguém atento para actuar e suprir sua necessidade.
É essencial actuar. Fazer e assim apoiar quem está em sofrimento.
Guisa de Conclusão
Ajudar uma pessoa que está no processo de luto é um desafio muito grande. Na realidade, este é um desafio que nos faz sair de nós mesmos, mas muitas vezes não sabemos o que fazer e muito menos o que dizer.
Diante do que aqui foi exposto, podemos agir de quatro maneiras e estas podem servir de ajuda a quem está no processo do luto. Estas atitudes são as seguintes:
Presença silenciosa
Fale apenas o indispensável
Evite frases feitas
Actue
Fale pouco, evite as frases feitas, toma atitudes que apoiem o outro e acima de tudo esteja silenciosamente presente
Diante de uma pessoa enlutada, o que devo fazer?
O que eu posso dizer?
Eis um grande desafio para quem deseja acompanhar as pessoas que estão em processo de luto. Todos nós num momento ou noutro teremos à nossa frente pessoas que estão a passar por situações de perda. É facto que muitas vezes em nossa ânsia de ajudar acabamos por dificultar mais o processo. Muitas vezes atrapalhamos e não ajudamos.
Nosso tempo é marcado pelas mudanças rápidas. Tudo acontece numa velocidade alucinante. Não temos quase que tempo para desfrutar das coisas, pois surgem outras numa rapidez que, aquilo que pensávamos ser novo já ficou ultrapassado. Num mundo assim, queremos também que as pessoas trabalhem suas emoções e sentimentos da mesma maneira.
Diante do dilema dos outros temos sempre algo a dizer. Neste sentido, lembro-me o que dizia o meu falecido pai quando estávamos a debater algum tema pessoal e ele virava-se e dizia: «é muito fácil eu viver a tua vida, difícil é viver a minha.» Ele estava coberto de razão!
O facto é que, diante da dor de alguém que nos é caro, queremos promover consolo. Queremos ajudar a pessoa a ultrapassar a dor da perda. Desejamos ser agente de consolo e manifestar que estamos presentes. Sendo assim, falamos e falamos. Esquecemos que temos dois ouvidos e uma boca. Implica dizer que devemos ouvir mais e falar menos.
Quando tento ajudar posso vir a me tornar indesejado. Minha atitude pode ser desagradável. Sendo assim, o que devo dizer para que possa ajudar uma pessoa em seu processo de luto?
Presença silenciosa
É verdade, há momentos em que não precisamos e nem devemos dizer nada. É a nossa presença silenciosa que irá promover consolo. É o falar com a presença. O falar sem palavras. Cada pessoa reage de um modo diferente e há pessoas que simplesmente não desejam ouvir nada. Tudo que elas desejam é a presença daqueles que lhes são importantes ao seu lado. A presença já diz tudo. Não é necessário nenhuma palavra.
O que estou afirmando é que basta a nossa presença. Deixe que a pessoa saiba de sua presença e pronto, pois como já afirmou alguém «quando basta o silêncio, evitemos até mesmo o olhar». Há momentos em que basta a presença silenciosa.
A melhor ajuda, o melhor gesto que pode ser feito é sua presença sendo assim, evite as palavras. Esteja com sua presença silenciosa.
Fale apenas o indispensável
Evite o discurso. Seja sucinto. Não utilize muitas palavras quando uma palavra apenas é o necessário. Há momentos que basta dizer ao outro: Sinto muito!
Um mal exemplo de falar muito são os amigos de Jó. Eles tentam arranjar respostas, tentam justificar o que sucede e terminam por complicar e atrapalhar ainda mais o amigo. É preciso cuidado para que não sejamos como os amigos de Jó. É preciso atenção.
O nosso grande desafio é não tentar encontrar respostas. É não procurar justificativas para um momento tão delicado e dramático como este. Devemos aprender que não teremos todas as respostas, mas que podemos ser a resposta.
Diante da dor da perda de alguém, faz-se primordial falar apenas o indispensável.
Evite frases feitas
Este é o nosso grande defeito. Este aspecto está simultaneamente ligado ao facto de falar muito. Já temos as frases todas preparadas. Creio que isto acontece por medo ou até mesmo por nossa incapacidade de encarar a dor dos outros. Sendo assim, chegamos a correr e procuramos de modo impessoal assumir realidades que não nos são verdadeiras. É comum nestes momentos ouvirmos frases como estas:
Eu sei como estás te sentindo. É uma frase de efeito, mas mentirosa. Posso apenas imaginar o que o enlutado sente. Não sei o que o outro realmente está a viver. Não posso avaliar se ele está triste, revoltado. Não sei e apenas saberei se ele o manifestar.
Esta foi a vontade de Deus. E se ao dizer esta frase o outro responder: Que Deus é este que leva a pessoa que eu amo? Que Deus é este que tem prazer no meu sofrimento? É fácil afirmar que foi a vontade de Deus, mas como eu posso determinar que realmente foi a vontade de Deus?
Foi melhor assim, já não sofre mais. Esta frase é terrível. Ela também é revoltante, pois não permite ao outro viver sua dor. Além do mais, assume que a morte foi o melhor que aconteceu e isto é desconsiderar o sentimento de quem está enlutado.
Existem muitas outras frases feitas que poderiam ser apresentadas, mas fiquemos com estas três e aprendamos com estes exemplos e deixemos de utilizá-las.
Actue
Há momentos em que não necessitamos de palavras e sim de gestos. É preciso uma atitude. Este ponto é fundamental. A pessoa enlutada muitas vezes se vê envolta numa série de coisas que não tem tempo nem de preparar uma comida para si. Aqui está a oportunidade de actuar. É estar presente e fazer. Lembro de uma pessoa querida que contou que deparando-se com o falecimento do seu marido, uma amiga lhe procurou com uma sopa que havia feito e disse: “Aqui está uma sopa com amor!” Este gesto foi crucial para ela. No afã de ter tudo preparado ela sequer havia parado para se alimentar. Felizmente houve alguém atento para actuar e suprir sua necessidade.
É essencial actuar. Fazer e assim apoiar quem está em sofrimento.
Guisa de Conclusão
Ajudar uma pessoa que está no processo de luto é um desafio muito grande. Na realidade, este é um desafio que nos faz sair de nós mesmos, mas muitas vezes não sabemos o que fazer e muito menos o que dizer.
Diante do que aqui foi exposto, podemos agir de quatro maneiras e estas podem servir de ajuda a quem está no processo do luto. Estas atitudes são as seguintes:
Presença silenciosa
Fale apenas o indispensável
Evite frases feitas
Actue
Fale pouco, evite as frases feitas, toma atitudes que apoiem o outro e acima de tudo esteja silenciosamente presente
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