O medo tem a capacidade nos paralisar. Ele mata os nossos sonhos. Tira-nos a resistência. Destrói a nossa alegria. Frustra-nos, não permite que vivamos tudo o que temos para viver.
O medo é a grande muralha que se ergue. É a prisão que nos aliena das relações, da capacidade de ousar e criar. Ele mata-nos lentamente. Não permite que sigamos em frente.
A verdade é que olho para minha própria vida e descubro que tenho medo. Ele paralisa-me. Faz com que eu me feche e não exponha as minhas ideias. Faz com que eu não viva com alegria. Ele me impede de amar e ser amado. Ele impede que eu seja tudo o que tenho que ser. Ele não permite que o amor flua em mim e através de mim até porque «o medo afasta o amor tão seguramente quanto o amor afasta o medo». Sendo assim, vou deixar que o amor prevaleça e rompa com o medo.
Vou ousar seguir em frente. Não vou esconder meus temores, vou reconhecê-los, mas não me deixarei aprisionar por eles. Vou ter a coragem de enfrentá-los de confrontar-me com eles e seguir em frente. Ousarei e viverei corajosamente. Entendendo o que disse Kushner: “A coragem não é ausência de medo, é a capacidade de o ultrapassar. A coragem olha o medo nos olhos e recusa-se a ser intimidada.” É assim que quero viver.
Vou conviver e viver com as pessoas sendo eu mesmo. Entregando-me, mesmo sabendo que posso sofrer. Sei que posso ficar machucado, ferido, mas o medo não vai paralisar-me até porque, também posso desfrutar de alegria e solidariedade.
Vou doar-me, mesmo que tenha que chorar, mas o medo das lágrimas não pode privar-me do prazer da alegria. Vou ousar viver com as pessoas pelo prazer de estar com elas e não porque quero algo delas. Quero relacionar-me e poder produzir felicidade a elas. Sei que relacionamentos são complicados, mas se não arriscar, se ficar fechado com medo de me relacionar deixo de conhecer o mundo que o outro tem para me oferecer e eu também não permito que ele conheça o meu mundo.
Não quero ficar paralisado por causa do medo. Quero viver com intensidade. Sim, reconheço que o medo é parte integrante de mim e de cada ser humano. Só os fracos é que negam a existência do medo, pois ao fazê-lo pensam que se tornam fortes. É necessário reconhecer o medo, sem deixar-se aprisionar por ele. Sem permitir que ele crie uma muralha intransponível. É preciso coragem de seguir em frente, reconhecendo o temor que o rodeia.
É interessante ver que o Criador sempre que aparece, sempre que fala com uma das suas criaturas nas narrações das Escrituras diz: «Não temas». O próprio Criador reconhece que intrinsecamente somos medrosos, mas Ele próprio nos encoraja a vencer o medo e ousar. Ele nos desafia a rompermos com o medo para fazermos a nossa jornada.
O medo é real. Esta presente na minha vida. Ele manifesta-se diante das relações com as pessoas, das decisões que preciso tomar. Posso simplesmente fechar-me. Posso criar uma muralha que não impedirá que eu sofra, mas isolar-me-á do mundo. Contudo, eu prefiro criar pontes. Quero seguir pela vida. Desejo construir pontes e seguir por elas, com medo sim, mas enfrentando-o de frente. Até porque «todos nós atravessamos a cada dia uma ponte vacilante, conscientes de que alguma coisa nos pode acontecer a qualquer momento mas, ao mesmo tempo, percebendo que, se só conseguíssemos pensar no medo de cair, nunca chegaríamos a lado nenhum nas nossas vidas. Sinta o medo, mas atravesse a ponte na mesma». Sinta o medo, reconheça-o mas viva a vida com graça e ouse ser feliz, ouse relacionar-se com os outros e arrisque amar e amar perdidamente, porque o amor dissipa o medo.
Atravesse a ponte. Não desista. Enfrente o medo, não se deixe aprisionar. Não construa muralhas à sua volta. Construa pontes e ouse atravessá-las sem medo de ser feliz.
Comentários