Acordamos cedo. Nos preparamos para ir visitar familiares que não víamos alguns anos. Família reunida, muita alegria, risadas, conversa para ser posta em dia. Em meu caso, com alguns havia um fosso de 20 anos. Sendo assim, havia muita coisa para ser falada.
Quando chegamos, a alegria foi enorme. Rever parentes e conhecer outros que cresceram sem nunca os termos visto é um prazer enorme. Contudo, o encontro com o tio é interessante e marcado pela singeleza e simplicidade do que a vida pode oferecer. Caminhamos pelo sítio, vendo cada árvore, conhecendo cada recanto, ouvindo a explicação de quem se encanta e desfruta da beleza da natureza. Foi neste ambiente que para muitos parece ser o da mesmice, que tive que dar razão ao que escreveu Rubem Alves: “a semente é precisamente isto: a vida se recusando a ser a mesma; a vida sabendo que, para continuar viva, precisa deixar de ser o que era para vir a ser uma outra coisa. Se não houver a mistura de genes, se a planta quiser ficar sempre a mesma, ela se degenera. É preciso deixar de ser o mesmo e se transformar em outro.” E ali estávamos nós e os outros que são extensão de nós juntos a celebrar o reencontro e o encontro.
Enquanto caminhávamos pelo sítio, fui vendo várias peças de ferro velho que foram transformadas em algo útil. Mais uma vez voltei aos bancos de escola e lembrei da célebre declaração que diz que “nada se perde, tudo se transforma” e eu podia verificar isto de maneira muito clara ali naquele momento.
O dia estava fantástico. Família toda reunida. Celebrávamos o reencontro, a vida. Festejávamos o presente, recordando o passado e projectando o futuro. Alegramo-nos a pensar no que é a vida, mas naquele lugar vem-me à memória a declaração de Rubem Alves “Mas o que é a vida? Um materialismo científico grosseiro define a vida em função de batidas cardíacas e ondas cerebrais.
Mas será isso a vida? Ouço os bem-te-vis cantando: eles estão louvando a beleza da vida. Vejo crianças brincando: elas estão gozando as alegrias da vida. Vejo namorados se beijando: eles estão experimentando os prazeres da vida.” Creio que a Rubem Alves faltou dizer o seguinte: vejo as pessoas comendo e conversando: Elas estão celebrando a graça e misericórdia da vida. Creio que se faz necessário repensar o que seja graça e misericórdia e foi ali naquele sítio que eu tive a oportunidade de rever meus conceitos.
Comemos e ficamos a conversar, mas depois de rirmos e caminharmos pelo passado, somos trazidos para o presente. É neste momento que a conversa fica amena. Sem saber porque, ficamos apenas cinco pessoas à volta da mesa. A desfrutar do que ainda temos para saborear. Mesa para mim é sinónimo de adoração e culto. Quando leio os textos bíblicos, sempre vejo o Senhor a ensinar à volta da mesa. Antes da sua crucificação, ele jantou com os seus discípulos e os ensinou. Estava à volta da mesa. Sendo assim, é a desfrutar de uma boa refeição que podemos ter um momento único de adoração e aprendizado com o Senhor.
Nós estávamos ali e subitamente o tio saiu, voltou com uma bíblia. Falou-nos de sua experiência de todos os dias meditar nos textos sagrados e caminhar por aquele sítio contemplando a beleza da criação e assim, manter comunhão com o Senhor. Enquanto caminha ora. Ele está em profunda comunhão com o Senhor. Neste momento, partilhamos nossas experiências com o Senhor e na informalidade que vivíamos, fomos edificados, adoramos e glorificamos o Criador.
Naquele momento único, nós celebramos a vida, entendendo que “ a vida só vale a pena ser vivida enquanto o corpo for capaz de produzir música, ainda que seja a de um simples sorriso.”
Foi apenas um dia, mas um dia em grande. Na presença de Deus, fui dirigido e guiado pelo meu tio que sem saber, foi profeta. Sua simplicidade e espiritualidade são enormes e ensinou-me de modo profundo.
Agora resta-me escrever. Resta-me a saudade. E a saudade me faz caminhar para traz e não para frente. Ela leva-me ao passado e não para o futuro. E ela me faz isto porque como diz Rubem Alves: “A saudade é um buraco na alma que se abre quando um pedaço nos é arrancado. No buraco da saudade mora a memória daquilo que amamos, tivemos e perdemos: presença de uma ausência.” Tenho gravado em mim a presença da ausência do tio que fazia vinte anos não via, mas que me ensinou a contemplar a maravilhosa criação de Deus e a louvar a Deus na beleza da sua santidade, envolvido na beleza da criação.
Este foi mais um dia na minha vida, mas como os outros foi um dia inesquecível!
Dedicado ao meu tio Júlio Lima
Quando chegamos, a alegria foi enorme. Rever parentes e conhecer outros que cresceram sem nunca os termos visto é um prazer enorme. Contudo, o encontro com o tio é interessante e marcado pela singeleza e simplicidade do que a vida pode oferecer. Caminhamos pelo sítio, vendo cada árvore, conhecendo cada recanto, ouvindo a explicação de quem se encanta e desfruta da beleza da natureza. Foi neste ambiente que para muitos parece ser o da mesmice, que tive que dar razão ao que escreveu Rubem Alves: “a semente é precisamente isto: a vida se recusando a ser a mesma; a vida sabendo que, para continuar viva, precisa deixar de ser o que era para vir a ser uma outra coisa. Se não houver a mistura de genes, se a planta quiser ficar sempre a mesma, ela se degenera. É preciso deixar de ser o mesmo e se transformar em outro.” E ali estávamos nós e os outros que são extensão de nós juntos a celebrar o reencontro e o encontro.
Enquanto caminhávamos pelo sítio, fui vendo várias peças de ferro velho que foram transformadas em algo útil. Mais uma vez voltei aos bancos de escola e lembrei da célebre declaração que diz que “nada se perde, tudo se transforma” e eu podia verificar isto de maneira muito clara ali naquele momento.
O dia estava fantástico. Família toda reunida. Celebrávamos o reencontro, a vida. Festejávamos o presente, recordando o passado e projectando o futuro. Alegramo-nos a pensar no que é a vida, mas naquele lugar vem-me à memória a declaração de Rubem Alves “Mas o que é a vida? Um materialismo científico grosseiro define a vida em função de batidas cardíacas e ondas cerebrais.
Mas será isso a vida? Ouço os bem-te-vis cantando: eles estão louvando a beleza da vida. Vejo crianças brincando: elas estão gozando as alegrias da vida. Vejo namorados se beijando: eles estão experimentando os prazeres da vida.” Creio que a Rubem Alves faltou dizer o seguinte: vejo as pessoas comendo e conversando: Elas estão celebrando a graça e misericórdia da vida. Creio que se faz necessário repensar o que seja graça e misericórdia e foi ali naquele sítio que eu tive a oportunidade de rever meus conceitos.
Comemos e ficamos a conversar, mas depois de rirmos e caminharmos pelo passado, somos trazidos para o presente. É neste momento que a conversa fica amena. Sem saber porque, ficamos apenas cinco pessoas à volta da mesa. A desfrutar do que ainda temos para saborear. Mesa para mim é sinónimo de adoração e culto. Quando leio os textos bíblicos, sempre vejo o Senhor a ensinar à volta da mesa. Antes da sua crucificação, ele jantou com os seus discípulos e os ensinou. Estava à volta da mesa. Sendo assim, é a desfrutar de uma boa refeição que podemos ter um momento único de adoração e aprendizado com o Senhor.
Nós estávamos ali e subitamente o tio saiu, voltou com uma bíblia. Falou-nos de sua experiência de todos os dias meditar nos textos sagrados e caminhar por aquele sítio contemplando a beleza da criação e assim, manter comunhão com o Senhor. Enquanto caminha ora. Ele está em profunda comunhão com o Senhor. Neste momento, partilhamos nossas experiências com o Senhor e na informalidade que vivíamos, fomos edificados, adoramos e glorificamos o Criador.
Naquele momento único, nós celebramos a vida, entendendo que “ a vida só vale a pena ser vivida enquanto o corpo for capaz de produzir música, ainda que seja a de um simples sorriso.”
Foi apenas um dia, mas um dia em grande. Na presença de Deus, fui dirigido e guiado pelo meu tio que sem saber, foi profeta. Sua simplicidade e espiritualidade são enormes e ensinou-me de modo profundo.
Agora resta-me escrever. Resta-me a saudade. E a saudade me faz caminhar para traz e não para frente. Ela leva-me ao passado e não para o futuro. E ela me faz isto porque como diz Rubem Alves: “A saudade é um buraco na alma que se abre quando um pedaço nos é arrancado. No buraco da saudade mora a memória daquilo que amamos, tivemos e perdemos: presença de uma ausência.” Tenho gravado em mim a presença da ausência do tio que fazia vinte anos não via, mas que me ensinou a contemplar a maravilhosa criação de Deus e a louvar a Deus na beleza da sua santidade, envolvido na beleza da criação.
Este foi mais um dia na minha vida, mas como os outros foi um dia inesquecível!
Dedicado ao meu tio Júlio Lima
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