Este texto escrevi depois de ter regressado da assembleia-geral da Convenção Baptista Portuguesa. Ainda não tinha viajado para o Brasil. Estava a tratar das coisas para minha ida até o Brasil para poder estar com meu pai e irmãos.
O texto narra o meu estado de espírito em relação a tudo o que estava a acontecer comigo. Falo da segurança que estava a viver em todo o processo.
Espero quem leia esta crónica, sinta a mesma paz e segurança que eu estive e estou a sentir.
Marcos
Segurança
Quinta-feira, 24 de Abril, parecia ser um dia como outro qualquer. Contudo, este não seria mais um dia. Ele seria bem diferente. O dia estava agitado. Tinha que ter tudo preparado, pois teria que seguir para a cidade do Porto para participar da 77ª Assembleia-Geral da Convenção Baptista Portuguesa. Sendo assim, tinha que ter correr contra o tempo. Pegar os filhos mais cedo na escola e encontrar-me com o pastor Heitor que seguiria comigo. Encontramo-nos por volta das 16:30 e seguimos até minha casa para deixar os filhos e ter com o Edson que também iria connosco.
Quando chego em casa recebo a notícia que meu pai tivera mais um AVC e se encontrava nos cuidados intensivos de um hospital em Manaus. Tive vontade de desistir da viagem até o Porto. O que menos interessava neste momento era participar de uma assembleia convencional, mas lá fui eu. O coração estava apertado, mas sentia uma paz profunda. Sabia e sei que meu pai está nas mãos do Pai e que nada nem ninguém pode arrancá-lo de lá.
A viagem foi tranquila. Fomos a conversar e como diz o ditado português, quem se mete em atalhos, mete-se em trabalhos, foi o que nos aconteceu. Nossa ida foi por um caminho diferente e lá tivemos nós que pedir informações para poder chegar à igreja baptista de Cedofeita. O importante foi que lá chegamos sem problemas.
Tratei da inscrição para a assembleia e encontrei amigos que tanto amo. Partilhei com eles o que estava a acontecer. Estava ansioso, pois Lílian iria ligar para saber como se encontrava papai e depois me informaria. Enquanto isso, eu falava com as pessoas. Conversava e partilhava sonhos. Jantei e segui para o culto que se realizaria na igreja anglicana. Foi um programa inspirativo. E lá estava eu, com coração apertado, mas em paz a cultuar o Deus das bênçãos compreendendo que Ele é melhor que todas as bênçãos. Lembrei do texto de Habacuque, onde ele fala que podem lhe tirar tudo e ainda assim, vai exultar no Deus da sua salvação. Foi o que pensei. Mesmo que meu pai adormeça, pois um servo de Deus adormece aqui e acorda na glória ao lado do Pai, eu continuarei a exultar no Deus da nossa salvação.
Foi anunciado o pregador da noite. O pastor David Coffey, presidente da Aliança Baptista Mundial. Sem saber do que se passava, a mensagem veio directamente para mim. Ele falou sobre as tempestades da vida e o facto de mantermo-nos firmes no Senhor e a seguir suas pisadas. Depois do culto, agradeci-lhe por ter sido o instrumento de Deus para falar ao meu coração. Ele perguntou o que estava a acontecer e contei-lhe o que havia acontecido com meu pai. Ele encorajou-me mais uma vez. O homem é de uma simplicidade extraordinária. Despedi-me e fui ter com os amigos e falar um pouco enquanto aguardava meu bom amigo, que amavelmente hospedou-me em sua casa.
Segui com a família Carneiro para casa. Deus tem me concedido o privilégio de ter família aqui em Portugal. Jesus disse que quem o segue, já neste mundo terá irmãos e irmãos e isto vê-se nos muitos que tenho aqui. Esta família é um destes familiares bem chegado. Quando chegamos à casa, todos cansados, ainda tivemos tempo para tomar um chá e falar. A amabilidade da família não dá para explicar. É só vivenciando-a.
A pequena Mariana foi sempre atenciosa. É a minha pequenina. Desta vez, ela não me cedeu o seu quarto, pois, como a casa teria outro hóspede, um bom amigo também, foi-nos concedido o quarto do meu missionário Simão. Entretanto, a primeira noite dormi só, pois o meu companheiro de quarto não pôde vir para o primeiro dia de assembleia.
Fui para o quarto e ali sozinho, li bastante. Reflecti e dialoguei com o Pai. No silêncio Ele falou ao meu coração. Adormeci, cansado, mas aliviado. O coração já não estava apertado. Ali naquele quarto, mais uma vez pude constatar que não adianta a correria, não adianta tentar fazer as coisas ao nosso jeito. Tudo tem o seu tempo e tudo acontece dentro da vontade soberana de Deus.
Sozinho no quarto, no escuro da noite, conclui que a agitação não serve de nada. Ali no escuro, eu podia descansar e dormir em segurança, pois a Luz do mundo estava a iluminar o meu caminho.
Cansado, porém sossegado. Eu pude mais uma vez cantar com o salmista: “Em paz me deito e logo adormeço, pois só tu SENHOR me fazes viver em segurança” (Sl 4.8)
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Sabemos que todas as coisas acontecem de acordo com a vontade de nosso Deus, mas saber que, nessa vida, nunca mais veremos nosso pai doi muito.
Te amo.