Este texto relata um período da minha vida. É sempre angustiante olhar para traz e ver quantas loucuras foram cometidas. É doloroso mexer em pontos que ainda são sensíveis, mas eles servem para mostrar que não somos perfeitos. Mostram nossa fragilidade e humanidade. Sendo assim, partilho convosco um pouco da minha própria história.
Abraços,
Marcos
P.S.: Imagem retirada do seguinte site: http://www.flickr.com/photos/camillag/123909316

INSENSATEZ
Provérbios 20.1
Madrugada de sexta para sábado. O silêncio é angustiante. Já não há o som da balada, os colegas da noite se foram. É fim de noite. Agora, há que se enfrentar a porta. Um adversário quieto e calado. Um adversário que na realidade confere segurança à casa.
Diante da porta, o jovem embriagado tenta desesperadamente encontrar o buraco da fechadura. É estranho olhar para ele ali a lutar com todas às forças que lhe restam. Uma porta que não se move, não reage torna-se um obstáculo intransponível.
Sozinho, o jovem que não tinha problemas para dançar e entrar com todas as mulheres que apareciam em sua frente agora sofre e não consegue sequer entrar em casa. A angústia toma conta do seu ser porque não consegue acertar com a chave. Parece que o buraco da fechadura encolheu. Ele luta desesperadamente. Curva-se, olha atentamente e vai mais uma tentativa. Apalpa a fechadura como se fosse um mágico que está a finalizar mais um truque. Contudo, sua tentativa é vã.
Sozinho na porta de sua casa, sente o vazio da sua existência. Sente-se preso dentro de si mesmo. Os seus prazeres momentâneos deixam-no vazio e incapaz até mesmo de entrar em casa. Paralisado, ele desiste de lutar contra a porta. Assume a derrota. Sente-se um fracassado e senta-se recostado à mesma. O cansaço toma conta de todo o seu ser. Já não há mais forças e por isso, ele adormece ali, sentado diante de tão grande obstáculo. Sua cama fica vazia. Os lençóis não são mexidos. O jovem fica ao relento, sob o luar e o céu estrelado.
Todo o alvoroço da noite, toda a folia e alegria proporcionada pela bebida ruiu. Ali, sentado a dormir, ele perde a noção do tempo. Não se importa com os vizinhos. Não dá para medir a vergonha do dia seguinte. Nada disso é ponderado e avaliado. O que conta é o momento. O prazer é o mais importante. Contudo, o fim do prazer é a vergonha e o vazio. É a incapacidade de nem sequer abrir uma porta.
Dormindo ali, ele não vê que às horas passam. Uma mãe preocupada e amorosa não consegue adormecer sossegadamente. Acorda muitas vezes durante a madrugada. Vai até o quarto do filho. Chora em silêncio. Suplica a Deus para que o guarde e o traga em bem para casa. Ela não concorda com a vida que ele leva. Não aceita aquele padrão, corrigi-o, exorta-o, mas ele parece não reagir. Enquanto ele dorme, quase que desmaiado na porta de casa, a mãe chora e suplica por sua vida.
Um jovem cheio de sonhos e expectativas está caído na porta de sua casa. Dorme sob o efeito do álcool. Dorme anestesiado, não se dá conta de que a vida está a passar ao lado. Não percebe que sua tentativa de mostrar-se agradável, presente fala mais da sua ignorância do que outra coisa. Não vê que está a ser dominado pela bebida e seus projectos ficam todos para trás. Enquanto isso, sua mãe chora. Sua mãe não desiste. Ela persiste em ver o filho bem. Ela tem a esperança de que algo de extraordinário irá acontecer e seu filho mudará. Ela continua a chorar e pedir a Deus que guarde o filho. Na sua aflição e súplica, dirige-se até à porta, pois o dia amanhece. Ela é impulsionada para lá. Quer ficar com a porta aberta para receber o filho. Quando ela abre a porta, o filho cai inconsciente. Cai como um morto. Ela sofre. A raiva toma conta do seu ser, mas também a gratidão, pois Deus respondeu sua súplica e o filho está em casa.
Envergonhada e triste, ela arrasta-o até o quarto. Ela está com o coração partido, mas mesmo assim, ela olha para aquele filho, que é o filho das suas tristezas na esperança de que ele um dia venha a lhe conceder alegrias.
O jovem dorme. Seu sono pesado é resultado da sua insensatez. Ele dorme tranquilo, sem perceber a dor que causa a todos os que estão à sua volta. Dorme e seu sono fala do modo como ele tem matado lentamente sua mãe.
Um novo dia desponta. Uma mãe triste por ver o modo como o filho está a se destruir chora. Um filho inconsciente dorme preso pelas garras do prazer indómito que o domina.
Diante da porta, o jovem embriagado tenta desesperadamente encontrar o buraco da fechadura. É estranho olhar para ele ali a lutar com todas às forças que lhe restam. Uma porta que não se move, não reage torna-se um obstáculo intransponível.
Sozinho, o jovem que não tinha problemas para dançar e entrar com todas as mulheres que apareciam em sua frente agora sofre e não consegue sequer entrar em casa. A angústia toma conta do seu ser porque não consegue acertar com a chave. Parece que o buraco da fechadura encolheu. Ele luta desesperadamente. Curva-se, olha atentamente e vai mais uma tentativa. Apalpa a fechadura como se fosse um mágico que está a finalizar mais um truque. Contudo, sua tentativa é vã.
Sozinho na porta de sua casa, sente o vazio da sua existência. Sente-se preso dentro de si mesmo. Os seus prazeres momentâneos deixam-no vazio e incapaz até mesmo de entrar em casa. Paralisado, ele desiste de lutar contra a porta. Assume a derrota. Sente-se um fracassado e senta-se recostado à mesma. O cansaço toma conta de todo o seu ser. Já não há mais forças e por isso, ele adormece ali, sentado diante de tão grande obstáculo. Sua cama fica vazia. Os lençóis não são mexidos. O jovem fica ao relento, sob o luar e o céu estrelado.
Todo o alvoroço da noite, toda a folia e alegria proporcionada pela bebida ruiu. Ali, sentado a dormir, ele perde a noção do tempo. Não se importa com os vizinhos. Não dá para medir a vergonha do dia seguinte. Nada disso é ponderado e avaliado. O que conta é o momento. O prazer é o mais importante. Contudo, o fim do prazer é a vergonha e o vazio. É a incapacidade de nem sequer abrir uma porta.
Dormindo ali, ele não vê que às horas passam. Uma mãe preocupada e amorosa não consegue adormecer sossegadamente. Acorda muitas vezes durante a madrugada. Vai até o quarto do filho. Chora em silêncio. Suplica a Deus para que o guarde e o traga em bem para casa. Ela não concorda com a vida que ele leva. Não aceita aquele padrão, corrigi-o, exorta-o, mas ele parece não reagir. Enquanto ele dorme, quase que desmaiado na porta de casa, a mãe chora e suplica por sua vida.
Um jovem cheio de sonhos e expectativas está caído na porta de sua casa. Dorme sob o efeito do álcool. Dorme anestesiado, não se dá conta de que a vida está a passar ao lado. Não percebe que sua tentativa de mostrar-se agradável, presente fala mais da sua ignorância do que outra coisa. Não vê que está a ser dominado pela bebida e seus projectos ficam todos para trás. Enquanto isso, sua mãe chora. Sua mãe não desiste. Ela persiste em ver o filho bem. Ela tem a esperança de que algo de extraordinário irá acontecer e seu filho mudará. Ela continua a chorar e pedir a Deus que guarde o filho. Na sua aflição e súplica, dirige-se até à porta, pois o dia amanhece. Ela é impulsionada para lá. Quer ficar com a porta aberta para receber o filho. Quando ela abre a porta, o filho cai inconsciente. Cai como um morto. Ela sofre. A raiva toma conta do seu ser, mas também a gratidão, pois Deus respondeu sua súplica e o filho está em casa.
Envergonhada e triste, ela arrasta-o até o quarto. Ela está com o coração partido, mas mesmo assim, ela olha para aquele filho, que é o filho das suas tristezas na esperança de que ele um dia venha a lhe conceder alegrias.
O jovem dorme. Seu sono pesado é resultado da sua insensatez. Ele dorme tranquilo, sem perceber a dor que causa a todos os que estão à sua volta. Dorme e seu sono fala do modo como ele tem matado lentamente sua mãe.
Um novo dia desponta. Uma mãe triste por ver o modo como o filho está a se destruir chora. Um filho inconsciente dorme preso pelas garras do prazer indómito que o domina.
Um jovem dorme vencido pela sua ignorância e estupidez. Uma mãe chora sua tristeza marcada pela esperança.
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