Avançar para o conteúdo principal

TERAPEUTICAMENTE FALANDO



Escrevo e descrevo sobre as coisas comuns da vida. Falo da minha realidade. Transcrevo as minhas emoções e sentimentos. Extravaso o que vai no meu ser. Converso comigo, sobre os meus dilemas, minhas dores, meus anseios e temores.
Escrevo de mim para mim e sobre mim. Escrevo lavando a alma. Desafogando-me, desaguando no texto. Simplesmente deixo-me ir, livre, sem amarras. Sigo mergulhado em mim e o que brota de mim, é muito mais do que um simples texto, é a essência de quem eu sou, porque para escrever é fundamental fazê-la com a sua alma, cheio de emoção e sentimento e é assim que eu escrevo e me descrevo.
Escrevo sobre tudo. Verso sobre a vida. Sigo livre e deixo-me levar. Sei que há momentos que parecem de profunda loucura, mas o mundo pertence aos loucos, pois só os loucos são livres e felizes. É na minha “loucura”, no descrever e transcrever o que vai no meu ser que os outros podem me perceber, mas transformam meus textos em seus, encontram semelhanças com sua própria história e, por isto acontecer, descobrem um caminho, percebem-se e seguem adiante.
Escrevo e me descrevo. Sou o que sou, apareço sem máscara, sem preconceitos, cheio de defeitos. Escrevo e transcrevo as minhas lutas, meus erros, minhas frustrações. Falo da vida, da minha vida. Não quero saber da vida dos outros. Já é complicado eu viver a minha própria vida e conviver comigo mesmo, imagina querer ficar controlando a vida dos outros. Quero apenas viver minha vida e partilhar a vida com quem se achega e que jamais eu me torne tirano e controlador da vida alheia.
Escrevo e escrever é uma arte, mas eu escrevo despreocupadamente. Apenas escrevo com paixão e também com muita compaixão do que vai em meu ser. Deixo fluir de mim dores e alegrias, meus sonhos as minhas fantasias. Eu escrevo sobre quem eu sou e o que sou. Vou conversando comigo, vendo minhas coisas, tratando-me e avaliando-me para que possa ver meus erros e defeitos. Escrevo como exercício de autoanálise, para me perceber, para poder me perdoar e amar. Escrevo para aprender a viver de bem com a vida e na vida viver bem com o meu próximo.
Escrevo sobre tudo. Há temas que são muito importantes, outros irrelevantes. Eu simplesmente escrevo. Deixei de encarar a vida de maneira chata e aborrecida. A vida é muito breve e leve e não quero que ela me leve. Eu quero viver e escrever, mas com amor, transcrevendo tudo o que vai em meu ser. E se, tiver que escrever em momentos negativos, em que esteja revoltado, que seja para descontar na escrita e nunca na pessoa ou pessoas que eu possa estar nutrindo tal sentimento e emoção.
Escrevo porque para mim escrever é terapêutico. É assim que lido com minhas neuras. Contudo, escrevendo liberto-me, perdoo-me e assumo novas posturas. Escrevendo e descrevendo a vida eu aprendo que viver vale a pena e que para viver é preciso conviver com seus dilemas e emoções e acima de tudo é fundamental tratar da alma para não se perder e muito menos enlouquecer.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

APENAS O EVANGELHO E NADA MAIS QUE O EVANGELHO

José Régio tem um poema que me revejo cada vez mais nele. “Não vou por aí”. Confesso que esta é a declaração que faço para alguns que se dizem líderes religiosos, mas que não passam de comerciantes da fé. É impressionante o marketing que é feito e como há gente que aceita e segue os que se apresentam com títulos, ou até mesmo, que rasgaram o título e desejam apenas ser tratados por seus próprios nomes. Não vou por aí. Não sigo ideias malucas e promessas de prosperidade, onde apenas os líderes enriquecem, e o simples membro continua com sua vida regrada, apertada, para não dizer com a corda no pescoço. Não dá para seguir quem promete bênçãos e vende a fé e viaja em jato privado que está no nome da igreja ou de uma instituição, mas o membro comum não tem o direito de sequer entrar no tal avião que afinal, é da instituição que ele é membro e sendo assim, também um dos que tem direito de usufruir de tal bem. Não vou por aí e não tem como ir. Não dá para seguir líderes que tentam de

Aprendendo com as Mulheres

A igreja é um projecto divino. É um projecto unificador. Nele todos somos iguais, pois como afirmou Paulo: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”(Gl 3.28). A igreja que vive esta realidade está disposta a aprender com todos os seus irmãos. Está disposta a valorizar os dons que o Senhor concedeu a determinado irmão para a edificação do corpo, sem importar se este é homem ou mulher. Tenho consciência que estou numa igreja assim, uma igreja que valoriza tudo e a todos sem fazer distinção se é homem ou mulher. Sendo assim, quero partilhar as lições que tenho aprendido com as mulheres, tanto na igreja como na Bíblia. No dia-a-dia, aprendo com as mulheres o facto de parar para estar aos pés do Senhor Jesus. É impressionante olhar para a Bíblia, principalmente no Novo Testamento, e ver as mulheres que se prostraram aos pés de Jesus. Elas pararam para adorá-Lo e para ouvirem os seus ensinamentos. Elas apenas queria

COMO DESTRUIR OS FILHOS

Filhos são um desafio. Eles são o grande investimento que alguém pode fazer. São a nossa continuidade e extensão do nosso ser. Filhos são um projeto de vida e para toda vida. O poeta Vinícius de Moraes escreveu: “Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos!” [1] Filhos são desejados, sonhados e amados. Filhos são o maior investimento que podemos fazer, mas filhos são um desafio para cada um de nós. Pensando no poema de Vinícius vejo as declarações de Bauman (Bauman, 2006) que diz: “Os filhos estão entre as aquisições mais caras que o consumidor médio pode fazer ao longo de toda a sua vida. (…) ter filhos é, na nossa época, uma questão de decisão, não um acidente - o que aumenta   a ansiedade. Tê-los ou não é, comprovadamente, a decisão de maior alcance e com maiores consequências que existe e, portanto, também a mais angustiante e stressante. Ter filhos significa avali