És
desejo. És mulher em todos os sentidos. Contigo um homem tem que aprender ir
além do prazer. Deve aprender se perder. Ao perder-se, descobre a razão de
viver. É na partilha do ser e no ser e não do prazer que se dá o sentido da
vida.
És a estrada que almejo palmilhar.
Quero escrutinar cada milímetro dela. Percorrer lentamente, desfrutando das
curvas sinuosas. Palmilhando cuidadosamente este chão sagrado. Nele me realizo.
Sim, é nele que sou feliz. Me encontro e me perco, nesta estrada que volto sem
contas.
És caminho para os meus descaminhos.
Encontro para os meus desencontros. E ao percorrer-te, encontro a paz que tanto
almejo. Deixo-me levar por estra estrada, desfrutando do perfume que dela
exala. Sou levado para um estado de calma. Caminho lentamente, subo aos teus
montes, desfruto do aroma delas. Desço até as tuas fontes para matar a minha
sede. Sedento sorvo de ti. Sacio-me em ti.
Por ti e em ti sou levado. Qual um
invisual que necessita de um guia. Também assim sou eu, que me deixo conduzir
para que possa desenvolver a sensibilidade necessária para poder conhecer-te
completamente. Sim, quero poder ter a sensibilidade do toque para percorrer-te.
Ter o paladar apurado para degustar e provar de tudo que há no caminho. Sensibilidade
apurada para poder ouvir cada som, cada cicio que advém e surge de ti. Visão
apurada para me deixar seduzir e poder simplesmente contemplar cada milímetro deixando-me
surpreender e desejar sempre voltar e reencontrar como novidade. Quero desfrutar
do teu aroma. Sentir teu cheiro, o mais puro e mais belo. Não o cheiro dos
perfumes, mas o cheiro da tua essência.
És vida que pulsa em mim. És vida
que jorra em mim e que se faz mim. És prazer e alegria e em ti me vejo
agrilhoado, mas livre. Livre para descobrir-te, livre para amar-te, mas preso
para estar sempre junto a ti. Por opção faço-me prisioneiro, mas é ao aceitar
esta liberdade condicional que encontro o prazer da vida. Em ti faço-me
prisioneiro por opção e desfruta da liberdade semi-aberta, onde cada dia saio
para trabalhar, mas regresso para o meu cativeiro, que na verdade é meu porto
de abrigo.
És mulher. Contudo, não é qualquer
mulher. És a Mulher. A escolhida e amada. Aquela que me realiza. Em ti me
encontro, me faço e refaço. No teu regaço encontro o alento e o prazer. Na tua
companhia há realização e alegria. Sim, em ti eu me encontro, me percebo.
Contigo sou e ouso ser e assim ousando, realizo-me no prazer que encontro em ti
e do prazer que jorra de ti para mim.
És a minha primavera. Cheia de
cores. Cheia de perfume. De ti jorra a vida, o amor. De ti floresce o prazer.
Sou apenas um colibri a sorver do mais precioso néctar que a vida poderia presentear-me.
És flor, és amor. O caminho em que me encontro e me perco. És simplesmente
mulher.
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